A data de estréia era 3 de julho de 1967, na TV Tupi, o que seria um dos programas infantis de maior audiência... O Capitão AZA, com abertura:
“Alô, alô, Sumaré, alô Intel Sat, atenção turbina número 1, atenção turbina número 2, atenção meus cadetes, atenção crianças de todo o Brasil, alô Iapoque, alô Chuí, atenção Guanabara, aqui fala o Capitão Aza, comandante chefe das Forças Armadas infantis do Brasil... .”
“Comandando uma astronave rasgando o céu,vou pisando em estrelas, constelação deixa longe o mundo aflito e a bomba H. Corpo livre no infinito eu vou na estrada do sol...”
O ator Wilson Viana, põe seu capacete alado, veste seu macacão de aviador, entra no seu avião de combate, e surge o “Capitão Aza”.
O perfil do ídolo da garotada, um herói sem poderes que antes de tudo teria que ser um companheiro e amigo que ajudasse na formação moral das crianças (exatamente, houve época em que os produtores de programas infantis tinham a preocupação de passar alguns “valores”, ajudando na formação do caráter e cidadania... hoje os únicos “valores”, que eles se preocupam em passar, são o dos patrocinadores).
O Capitão Aza foi responsável pelo lançamento de grandes séries como, os desenhos dos personagens da Marvel:
Thor, Homem de Ferro, Namor, Homem Aranha e o Incrível Hulk;
Desenhos inesquecíveis, Speed Racer, Fantomas, Brasinhas do Espaço, Ultra-Seven (na minha humilde opinião o melhor dos “Ultras”), Robô Gigante, entre muitos outros.
Os produtores do programa (Paulo Pontes e Vianinha) foram procurar o Ministério da Aeronáutica, para obter dados para criação do personagem (nesse momento ainda não se tinha o nome a ser usado, se baseavam no Capitão Canguru da CBS americana e no Capitão Furacão, nacional, baseado num “velho lobo do mar” obviamente relacionado com a marinha).
Foram recebidos pelo chefe de relações públicas, Coronel Fisher, do Centro de Relações Públicas da Aeronáutica (Cerapa). Após uma conversa com os produtores, disse: “Gostaria muito de ajudar a TV Tupi, a fazer um programa dedicado à aviação”. O Coronel Fisher, forneceu muitos dados sobre heróis da FAB.
Quando descobriram o Capitão aviador Adalberto Azambuja, evitava que vários companheiros, durante a Segunda Guerra, fossem abatidos, mesmo estando na mira do inimigo, fazendo manobras arriscadas para causar distração, infelizmente ele fora abatido. A ideia imediata foi fazer o Clube do Capitão Azambuja, momentos depois, Clube do Capitão AZA, abreviação de Azambuja, pensando os produtores, que todo mundo sabia que “asa” era um substantivo comum e não um nome próprio, e muito menos se escreve com “z”. Como poucos conheciam a verdadeira história do Capitão Azambuja, começaram a surgir críticas de escolas, professores, pais e alunos mandavam carta ou telefonavam, preocupados com o “z” do AZA, a pergunta que não queria se calar: Aza não é com “s”?
Com todos querendo a resposta, constantemente no programa o Capitão AZA, explicava de onde vinha o nome, que era a abreviação de Azambuja um herói de guerra, que morreu em defesa do nosso país.
O Capitão AZA, contava com ajuda de um companheiro índio, depois foi substituído por uma garotinha de 6 anos, Martinha...que fez um estrondoso sucesso pela sua simpatia e profissionalismo.
Na época o Presidente do Brasil, Presidente Médici proferiu a seguinte frase:
“Capitão AZA, a sua responsabilidade é tão grande quanto a minha, conduza bem estas crianças”.
Pode-se notar o sucesso e responsabilidade do Capitão AZA, mas o apoio da FAB foi decisivo, o programa recebia consultoria técnica, e todo tipo de ajuda (menos financeira), uniformes, aviões, helicópteros e etc.
Vale à pena lembrar que a aeronáutica tinha um pé atrás pois certa vez, ajudou um programa que se chamava, Comandante Zero, que ficou 3 meses no ar, o que desgastou a imagem da aeronáutica, eles então pediram aos produtores do Capitão AZA que ficassem pelo menos 6 meses no ar...foi prontamente atendido o programa ficou 11 anos.
O Capitão AZA ajudava as Forças Armadas a divulgar projetos e atividades para crianças, visitava escolas, orfanatos, instituições de caridades, e outros lugares, e onde ia, eram acompanhados de um ex-combatente, da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e de um policial militar. Eles representavam o civismo e aconselhava as crianças a respeitarem e a confiar nas autoridades.
A contribuição para as Histórias em Quadrinhos, do Capitão AZA, acabou sendo indireta mas de grande importância para nós leitores e amantes da nona arte, graças aos desenhos animados da Marvel (anos 60) que fizeram grande sucesso, mas grande mesmo.
Que chamou a atenção da Editora Bloch, que na época tinha como seu diretor, Moyses Weltman, conseguindo junto a Trasword Feature Syndicate, autorização para publicar no Brasil, as histórias da Marvel comics. Esse projeto levou a editora a publicar 15 títulos por mês, ou seja, cada personagem tinha sua própria revista, pela primeira vez. Os títulos eram:
O Incrível Hulk, Capitão América, Namor, Tocha Humana (original), Homem Aranha, Homem de Ferro, O Demolidor, Os Vingadores, Os Defensores, Thor, Kazar, Mestre do Kung Fu, Motoqueiro Fantasma e Punho de Ferro (alguns na época chamavam de Punho de Aço).
Infelizmente o Capitão AZA acabou, junto com a falência de emissora Tupi.
Conheça a programação do Capitão AZA:
Túnel do Tempo, Abbott e Costello, Mr. Maggoo, Rin Tin Tin, Bat Masterson, Robô Gigante, I Love Lucy, Capitão Furacão, Perdidos no Espaço, O Homem de Seis Milhões de Dólares, Nacional Kid, Betty Boop, Thunderbirds, Super Dínamo, A Turma do Lambe Lambe, Clube do Mickey, Vila Sésamo, Shazan, Xerife & Cia., A Família Addans e Batman.
WILSON VIANA (Ator)1928-2003 Wilson Viana nasceu no dia 27 de Fevereiro de 1928, no Rio de Janeiro Estudou direito e tornou-se delegado de polícia.
Mas sentiu vocação para a arte de interpretar e foi escolhido para representar o Capitão Aza. Esse personagem foi criado em Setembro de 1966. Era uma homenagem a um falecido herói da FAB, chamado Capitão Azambuja. Usava uniforme aeronáutico e um famoso capacete de piloto com um A - de Azambuja. Foi criado para vencer um programa concorrente da TV Globo. Foi ao ar pela TV Tupi do Rio de Janeiro por 11 anos consecutivos e fazia a alegria da criançada da época.
Somente dava bons conselhos, do tipo: estude bastante, respeite seus pais, faça amigos. Jamais o Capitão teve posicionamento político, e isso agradava aos pais. Havia participação das crianças no programa e as melhores ganhavam de prêmio cadernetas de poupança.
Wilson Viana levava muito a sério o seu papel, tanto que visitava uma média de 100 escolas por ano. Também conduzia as crianças aos parques, e em datas festivas apresentava-se até em desfiles . Era um verdadeiro herói infantil.
Na televisão apresentava intercaladamente desenhos infantis. Formou o Clube do Capitão Aza. Verdadeiro sucesso nacional. Wilson Fraga, porém, era um ator e apareceu em nada menos que 63 filmes.
Ele teve enfarte. Sobreviveu. Mas teve mais dois. No terceiro, quando estava em viagem de recreio com sua esposa, filho e nora, Wilson Viana não resistiu. Ele faleceu em 3 de maio de 2003. Estava com 75 anos. E deixou muita saudade.
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